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“As pessoas precisam conhecer essas histórias. Faz parte da memória do nosso país!”
– Pág 241

A obra “A Casa da Vida”, de Adriana Kortlandt, deveria ser leitura obrigatória, principalmente para as pessoas que pensam em adotar crianças.

Antes de me submergir em suas páginas, o meu conhecimento sobre o procedimento de adoção era superficial. Baseado em fatos reais, o livro conta a história de Maria da Glória, fundadora do “Lar da Criança Padre Cícero”, instituição que abrigou mais de 2.500 pessoas que viviam em extrema miséria. A narração é forte, impactante, gerando um misto de sentimentos como revolta, dor, empatia, solidariedade e amor. Como Glorinha mesmo diz sobre si: “Minha alma é rebelde, inconformada, viveu com sentimento de urgência no corpo de bombeiro, teve e tem esta vontade louca de acolher crianças em situação de risco. Se tivesse lutado contra essa vontade, estaria vivendo ainda?”.

Ela se sacia dando às crianças o que lhes é de direito. Abandonada quando ainda engatinhava e vítima de maus tratos da mãe adotiva, nossa protagonista nasceu com sede de mudar o mundo e salvar os necessitados. Uma coisa é certa: este livro me deu uma lição. Sempre que eu pensar em desistir da humanidade, vou me lembrar de Glorinha, com suas garras e forças para enfrentar a vida e doando todo o seu afeto para aqueles que, por algum motivo, foram injustiçados no plano terreno.

“_ É aqui de que mora uma doida, cheia de menino e que dá comida pra todo mundo?
_ Sou eu mesma, sou doida pelo ser humano! Bendita loucura!”
– Pág 268

A obra é uma divisão de sua jornada com os relatos dos pequenos que chegam ao abrigo e dos casais que querem adotar, alguns que realmente querem ser escolhidos por uma criança e amá-la e cuidá-la, e outros que anseiam a adoção por motivos mesquinhos, sensação de soberba ao fazer caridade, necessidade de tapar um buraco, um vazio, uma ferida. Meu Deus, tudo isso é MUITO sério. Em resumo, A Casa da Vida nos mostra um universo de dor e pobreza entremeado com compaixão, elucidando, acima de tudo, a esperança por um mundo melhor, ao menos um pouco mais igualitário.

Grande aprendizado. Recomendo.

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Sarah Schmorantz

Autora dos livros “O Mundo por Francine B.” , “Espelho” e “Céu de Gris”. Filiada ao Sindicato dos Escritores do Distrito Federal. Também é membro da Academia de Letras e Música do Brasil – ALMUB, ocupando a cadeira 62 do Patrono Joaquim Nabuco.