A obra não se trata de nenhum artigo científico, nem da elaboração de outra corrente psicológica, mas se vincula a acontecimentos cotidianos e meramente banais que impulsionam epifanias e reflexões, não deixando de considerar a metanoia. Contudo, a história, sim, retrata um caso de análise e aborda sentimentos comuns a todo ser humano.
Uma personagem emocionalmente perturbada que enxerga os seus questionamentos como forma de doença, e estranha a sua inquirição diante o mundo. Os seus distúrbios do dia a dia são conduzidos por uma corrente de lembranças e uma negação do passado.
A narração não se limita, portanto, à teoria analítica. Ao decorrer do desenvolvimento do livro e da formação da personalidade de Francine, pauta-se também o núcleo vital. A crise existencial é evidenciada não apenas por distúrbios psicológicos, mas se depara com abordagens religiosas e filosóficas impulsionadas por um segmento da mente: as lembranças. A narrativa expande com referências a Plotino e sua ideia da emanação, também questiona e trabalha a ideia da dualidade dos planos elaborada por Platão, acompanhando os apontamentos feitos pela escritora Clarice Lispector no que diz respeito à crise essencial que rege o mundo. Ainda, sob o ângulo da ucraniana, é importante ressaltar que sua obra A paixão segundo G.H. serviu como estopim para concretização desta história